sexta-feira, 29 de junho de 2012

Cultura

Cultura

Memorial Tertuliano Brandão Filho 
Rua Tertuliano Filho, 236 – Centro 
 Pedro II – PI, CEP: 64255-000

Bibliografia de: TERTULIANO BRANDÃO FILHO

Nascimento: 03 de agosto de 1864
Falecimento: 10 de setembro de 1932
Filiação: Tertuliano Pereira Brandão / Maria Mendes Brandão
Tertuliano foi comerciante, criador e agricultor, Coronel da Guarda Nacional, chefe político do Município de Pedro II, Intendente Municipal, Deputado Estadual em 06 legislaturas. Seu ultimo mandato foi interrompido com a Revolução de 1930.
Como comerciante dos mais destacados desta região do Estado, criador e proprietário de numerosas fazendas deu grande prestigio e incentivo à economia regional.
Na política, notabilizou-se pelo seu equilíbrio e força moral, merecendo o respeito de seus pares na Assembléia Legislativa e dos governos de sua época.
Embelezou a cidade de Pedro II, com a construção de casas, ruas e praças. Estimulou e muito ajudando na instituição das crianças na Sede do Município, mantendo escolas por ele pagas do próprio bolso.
Quando Prefeito Municipal a primitiva Praça da Matriz, ampliou e melhorou a estrada de acesso ao Ceará, Via Ipú, naquele Estado e a ligação direta a Campo Maior, através de carroçável que passava pelo lugar Cachimbos, e adjacências, atravessando parte da Caatinga do Brasão. Essa antiga estrada nos aproximava de Teresina pelo encurtamento de distancia entre Pedro II e Campo Maior.
 
De seu casamento com dona Joana Cardoso Brandão, realizado na Fazenda Invejada, em Alto Longa, tiveram os seguintes filhos: Maria Marfhisa e Walter (falecidos ainda crianças) Tertuliano Milton Brandão, Tertuliano Sólon Brandão, Maria Consuelo Brandão e Raimundo Nonato Brandão.
 Monumento: Memorial Tertuliano Brandão Filho
 Endereço: Rua Tertuliano Filho, 236 – Centro, Pedro II – PI, CEP: 64255-000 
 Proprietário: Governo do Estado do Piauí (doação em testamento pelo Deputado Tertuliano Milton Brandão)
 Área de edificação: 485.00 m².
  
HISTÓRICO
O prédio foi construído em 1922, pelo Coronel Tertuliano Brandão Filho, e trabalharam na sua execução artesãos mestres de obra cearenses vindos de Sobral que naquela época eram os maiores centros de comércio do Ceará.
A construção do prédio durou três anos ficando terminado em 1925. Desta data em diante, o local funcionou como palco de importantes decisões sociais e políticos do nosso Estado.
Em 1932 com o falecimento do Coronel Tertuliano Brandão Filho (Coronel Terto) a casa passou a pertencer ao seu filho mais velho, Tertuliano Milton Brandão, que foi prefeito de Pedro II, Deputado Estadual, Vice-Governador e Deputado Federal.
O Deputado Tertuliano Milton Brandão “manifestou” e legou através de instrumentos público de testamento e por expresso desejo que sua casa fosse utilizada como Memorial com o nome de sue pai, para abrigar em seus espaços o Centro Cultural de Pedro II.
FECHADA DA CASA
Observar que a fachada fica circunscrita a padrões nitidamente neoclássicos. Linhas puras, janelas em pares com sacadas em balaústres e portada central trabalhada.
Ver o frontão com as iniciais do Coronel Tertuliano Brandão filho e a data da construção da casa trabalhada em algarismo romanos como expressão do gosto e da temática clássica. (1925).
ENTRADA
Sendo a casa um palacete o acesso se faz através de escada com degraus em taboa corrida e balaustrada lateral. Esta entrada (antecâmara) dá acesso à sala de visitas n° 1, ao quarto de dormir n° 1 do Casal e ao “Hall” interno. O acesso se faz através de belíssimo portão que vale a pena ser observado. Todo ele é trabalhado a mão, em desenhos florais com pássaros acasalados. Na parte superior, quando fechadas às duas folhas da porta pode ser lido o nome do Senhor da casa: Terto Filho.
HELL
O “hall” ou saleta que antecede a sala de jantar tem também a mesma barra protetora de estuque que se continua em motivo de guirlandas e flores por outras dependências da casa, com variações aqui a ali. Tem porta de acesso para a entrada, conforme se vê através do rendilhado de madeira que se conserva fechado como de costume.
Esta sala de espera é toda em telha vã (não tem forro) como o foi originalmente. Há depoimentos sobre mobiliário austríaco lá existente – Confortáveis e belas cadeiras “thonet” de embalo desenhadas em volutas de madeira vergada.
Consolettes de ferro batido usados para colocar “cache-pots” ou lampiões, ladeavam uma mesa - console maior onde se colocavam lampiões e caixas de charutos. Este parecia ser o lugar onde se ouvia música, onde se fazia a leitura, onde se começava e acabava o ritual das refeições. Era um local destinado à espera, a meditação conversa descontraída, e ao lazer como ocorria nas antigas casas senhoriais. As portas se abrem harmoniosamente em pares para a sala de jantar e para o jardim.
SALA DE VISITAS N° 01
Sabe-se que esta sala funcionava com sala de visitas mais formal da antiga residência do então Deputado Tertuliano Brandão Filho, pai de Milton Brandão.
Ali sempre estiveram as “fotos” de família, reproduzidas fielmente através de antigo aparelho inventado por Daguerre – o Deguerreotipo. Das molduras originais apenas uma se conserva – a do coronel Terto, ladeado por seus pais. Esta moldura é francesa com florais trabalhados em ouro velho. Retrato emerge de “pas-portout” ovalado, forma tão característica do “Art-Nouveau”.
As paredes desta sala são todas revestidas em estuque original de forma geométricas em tons de bege, ocre e avermelhado, o que lhe dá mais sobriedade e requinte que as outras salas.
O estuque em desenhos geométricos vem a combinar com o traçado do piso em tabua corrida (reconstruído com cuidado). Observar que o teto trabalhado em madeira, tem ao centro um quadrado treliçado (madeira trançada) com uma rosácea esculpida afim de que se valorizasse o antigo candelabro de cristal francês (Baccarat) com pingentes.
As janelas, como as portas, são abertas em pares e tem as suas sacadas em balaústres para combinar com a frente da casa. Do lado leste as sacadas são em ferro batido em harmonia com os gradis laterais. No alto de todas as portas internas há detalhes de rosáceas vazadas em madeira, afim de que se fizesse a circulação de ar de uma sala para outra ao mesmo tempo em que ornamentava a sala com suas portas desenhadas.
SALA DE VISITAS N° 02
Possui alguns detalhes em comum com a primeira. O teto era exatamente o mesmo inclusive o lustre em cristal com pingentes. Esta sala, porém tinha um ligeiro toque de informalidade, talvez por tudo quanto a fizesse diferente da primeira. Observa-se que o estuque que reveste a sala anterior por inteiro nela reaparece apenas como uma barra protetora, dando-lhes um ar de mais leveza e informalidade. As sacadas são mais simples em grades de ferro, a combinar com os gradis e o portão lateral onde se lia “Villa Marphisa”. (Esses gradis não são mais os originais que eram mais trabalhados e mais estéticos).
As portas se abrem harmoniosamente em pares para o jardim de entrada, o que dá a esta sala um toque mais informal e aconchegante pela visão das palmeiras e das alamandas em amarelo vivo, ainda presentes e originais. Este tipo de planta brota no solo inteiro dos jardins e é tão antigo quanto à velha casa. Estamos completando investigações sobre o antigo mobiliário que compunha esta ambiente. Diz-se que era nesta sala, que, de preferência o Coronel Terto reunia amigos para o café, onde se discutia os destinos da terra ou o dia do então provinciano Pedro II.
ENTRADA PARA SALA DE JANTAR
   A saleta que antecede a sala de jantar tem também a mesma barra protetora em estuque que se continua em guirlandas em outras dependências da casa com variações de desenhos florais e geométricos aqui e ali. Nela a portada vasada em desenhos florais e arabescos podem se vislumbrada em toda a sua beleza quando fechada.
Esta pequena sala é toda em telha vã (não tem forro) como o foi originalmente.
Há depoimentos sobre mobiliário austríaco lá existente bem como na sala de jantar.
Cadeira “thonet” de embalo, em madeira vergada desenhadas em volutas. Mesinhas laterais (consolettes) em ferro fundido trabalhadas também em motivos de flores usadas receberem “cachê-pots” floridos também trabalhados em guirlandas. Este lugar ao que parece era muito intimo, destinado a leitura, a musica, ao lazer que possivelmente precedia ou finalizava as refeições nas casas senhoriais. Ali também as portas se abrem em pares para o jardim e para a sala de jantar numa visão ampla e repousante.
SALA DE JANTAR
A antiga sala de jantar é hoje usada como auditório. O forro abobadado que ai está foi criado em consonância com a arquitetura da casa, para efeito de acústica. O ladrilho hidráulico que reveste o piso substituindo o taboado é original, mas não foi o primeiro.
Há detalhes históricos relevantes ligados a esta troca. Durante a 1° Republica logo que a casa foi construída passou por Pedro II a Colônia Prestes. E o belo palacete do Coronel Terto, político de renome e alto comerciante, foi saqueada e terrivelmente danificada num ato de rebeldia intensa e insana. As taboas da sala de jantar que compunham o seu piso foram arrancadas, para que de lá se retirassem dobrões de ouro patacões de prata e jóias, resguardadas por seus donos quando se teve notícias dos atos de vandalismo praticados noutros sítios pelas tropas rebeldes. Pois estas arrancadas, serviram de lenha para assar bois charqueados na Praça da Independência e assados em enormes fogueiras e braseiros lá e dentro de casa na sala principal.
Talvez em decorrência disto, optou-se por um piso mais resistente ao fogo e a outros agentes destruidores.
Prestar atenção na beleza e na leveza das janelas rotuladas e estreitas que se abrem em pares, bem dentro dos padrões neoclássicos, trazendo a brisa, a luz e a alegria radiante do jardim do lado leste.
Devemos lembrar que nesta sala foram fechadas duas portas frontais: uma com batentes que dava acesso ao quarto dos baús e outra portada sextavada que dava acesso a uma ante-sala onde se servia o café informal em mesa redonda.
Observar como detalhe, que todas as maçanetas das portas são originais, em porcelana francesa branca.
Diz-se que esta sala tinha enorme mesa retangular de 12 assentos, guarda-louças e guarda comida em mármore rosado. Era iluminada por um par de lampiões belga (desaparecidos) e dela também faziam parte 2 naturezas mortas com figuração de frutas.
DORMITÓRIO N° 01 (BIBLIOTECA)
Dava acesso à sala de jantar a antecâmara principal e ao quarto n° 02 hoje sala de leitura.
Vale notar que este quarto do casal era bem diferente das “alcovas” dos antigos solares coloniais, quartos penumbrados e escondidos, protegidos talvez das incursões inimigas ou dos olhares estranhos.
Talvez daí o nome “alcove”, do árabe Al cove significando “refugio” “esconderijo”.
Aqui o quarto do casal dava com as suas janelas para a rua, era franco, aberto, luminoso com as portas e janelas em profusão conforme se observa dentro dos padrões neoclássicos dos antigos palacetes. Percebe-se ainda o teto semi-forrado com detalhe de suporte para o cortinado que protegia especialmente a mãe e a criança. 
 
Nota-se que as mulheres e as crianças se voltavam todas as atenções da casa na sociedade patriarcal.
O berço sabe-se que era torneado sobre um suporte de madeira fixa com eixo de uma extremidade a outra para fazê-lo girar, embalado assim a criança.
Sobre a cama nada se sabe. Havia ainda neste quarto, conforme descrições de pessoas que aqui privaram uma “psiché”, tipo de móvel com espelho inteiro, em cristal bisotado, gavetas e tampos de mármore, para toalete feminina. Havia ainda criados-mudos (mesinhas onde se depositavam bilhas d’água, copos, remédios e candeeiros). Fala-se também de um serviço de lavabo presente em todos os dormitórios bacia e jarra grande para a “toalete” matinal contida numa mesa de suporte tão usual aquela época. A deste quarto dizia-se ser um serviço em porcelana azulada com desenho em rosa. 
 
Não se tem notícias de armários para guardar roupas. Lembrar que aquela época as roupas com os bons pertences eram guardados em baús ou arcas enormes que mais tarde se transformariam em “cômodas”, móveis com gavetas e bem mais extensas, daí o nome.
DORMITÓRIO N° 02 (SALA DE ESTUDO)
Lá antigamente dormiam as crianças. Havia acesso deste quarto para o quarto do casal bem como para o Escritório do Coronel Terto, em nível superior. Não há dentro a mobiliária notícia de guarda-roupas, pois aquela época grande parte das roupas e outros pertences eram guardados em arcas ou baús bem protegidos. Na entrada do escritório do Coronel Terto há 02 batentes históricos de tábua corrida. O primeiro deles era um tipo de cofre com dobradiças e cadeado que guardava pertences preciosos como jóias e patacões de prata. Ao tempo dos revoltosos este cadeado foi substituído por pregos, que, por serem novos demasiaram os guardados lá existentes, sendo assim arrombado ao tempo da Colona Prestes.
As janelas extremas deste quarto dão para a Praça da Independência e lhe conferem ângulos de excelente visão panorâmica.
QUARTO DOS BAÚS
Funcionava como uma espécie de “closet” ou quarto de vestir das residências modernas, só que com funções mais amplas, pois lá se guardava também todas as roupas de cama e mesa da casa. Lembrar que aquela época as roupas e bons pertences não eram guardados em guarda-roupas, mas em baús ou arcas enormes. Só os homens possuíam um tipo de armário que era também um “guarda-chapéu”  com gavetas e cabides. Pertencia à mulher o maior número ou até todos os baús de uma casa, pois seria ela a provedora dos bens caseiros e portadora do “dote” para num futuro casamento, fazer funcionar com o seu “enxoval” toda a casa. Vem daí a expressão “golpe do baú”.
ESCRITÓRIO DO CORONEL TERTO
A sua entrada através de 02 batentes de tabua corrida pode-se ver que um deles tem dobradiças. Funcionava como discreto cobre para pertences caros da casa, jóias, moedas etc. foi saqueado pela Coluna Prestes em 1925.
Prestar atenção que as janelas também se abriam em pares sendo que as janelas internas descortinavam a visão do Sobradinho e do Sitio Bananeira, morada de verão do Coronel e lugar de repouso da família. Daqui se vê o quintal por inteiro.
Sua mesa secretaria em estilo “Art. Nouveau” emitia sons musicais quando se lhe abriam as gavetas. As estantes possuíam enorme acervo de autores  de época, franceses, ingleses nos seus originais. Byron, Proust, Camus, Verlaine e alguns livros da Sabedoria da Índia e da China, que mostravam o nível cultural da casa.
BANHEIROS
Observar que conforme era uso nas antigas casas onde o sistema de encanamento não existia, era uso comum que os banheiros e os sanitários se instalassem em áreas fora da casa. Ali também se instalava o quarto da guarda, um, dois ou mais homens que zelavam pela segurança da casa. Aqui temos em sucessivos espaços contíguos quartos ou pequenas celas que funcionavam como banheiros para homens e senhores com tanques para suprimento de água e banheiros, bacias, tinas, etc. o quarto de vigilância ou quarto da guarda era comum em todas as casas-grandes fica situado na parte terminal.
Os criados mais confiáveis dormiam geralmente ao lado da cama das crianças, mas este acesso não se permitia aos homens que se espalhavam pelo porão, pelo quarto da guarda ou pela cavalariça.
COZINHA
A cozinha possuía uma dependência superior onde comiam os criados e onde existiam os chamados “bancos de potes”, móveis trabalhados que guardavam comida na parte superior e os potes contendo água limpa, coada e dormida, fria e pronta para beber.
Nessa sala o sistema de armários se complete com os “ninchos” e a iluminação externa se faz através de largo peitoril e “seteiras” (aberturas) muito comum às casas antigas e fortalezas por onde o cano do rifle apontava sem perigo para o inimigo lá fora.
Os “ninchos ou caritós” eram recursos advindos das grossas paredes das velhas casas coloniais e nelas se guardavam dos santos de devoção aos objetos mais vigentes necessários ao alcance da mão-louça, velas, candeeiros, bacias de frutas, vidros de especiarias, café em pó, gordura, etc.
Na parte mais baixa o forno e o fogão a lenha tão característicos das velhas casas do interior. Persiste as “seteiras” como elemento de iluminação e proteção dos ataques ao invasor de frente. Ao lado a enorme despensa hoje fatiada em 03 partes para banheiros internos e quartos  de depósitos.
Na despensa tabuas assentadas em cachorros de madeiras serviam de suportes para filas de queijos arrumados por data de produção e varas de estender lingüiça curtida e enxuta.
 Grandes mesas onde se guardavam vasilhas de doce, pães, bolos em profusão – também na despensa o tonel de cachaça velha para servir em horas menos requintadas ou a guarda da casa que nas noites frias não dispensava a tradicional e velha “bagaceira” de anos guardados.
PORÕES
Eram espaços destinados a guardar provisões de armas e homem nas antigas casas assobrada. Móveis quebrados, objetos em desuso para os porões, lugar de pouco acesso e muita segurança. Funcionando como base das partes, mas elevadas da casa, suas paredes por serem muito largas, diminuem em muito a temperatura do ambiente dando a estes lugares uma temperatura fria e úmida. Sua ventilação ou arejamento se faz pelas “seteiras” na parte do fundo e na frente por “olhos de boi” ou “vigias” sextavadas que completam a estética externa da casa.
Nestes porões se instalavam grupos de homens nas grandes lutas políticas armados em defesa da casa, porque numa época em que predominavam os casuísmos a justiça às vezes tinha que vir pelas próprias mãos. E lá estiveram guardados os refles “papo amarelo”, carabinas, bacamartes e o arsenal das famosas “ronqueiras” que estrondavam nas grandes festas.
Mais tarde esse armamento seria substituído por instrumentos musicais ao tempo em que o Deputado Milton foi prefeito e organizou uma banda de música comprando instrumentos caros até do seu próprio bolso tamanho era o seu idealismo. Logo mais o sistema de som das amplificadoras também lá se instalou e funcionou por muitos anos.
JARDINS
As alamandas do tipo “Decal de Ouro” que continuam brotando no jardim foram trazidas de Belém pelo Coronel Terto, juntamente com 02 palmeiras imperiais bem como as tamareiras do quintal das qual só uma sobrevive. Observe-se na escolha de todas estas plantas, o sapotizeiro do jardim de baixo, os jasmins as pitombeiras do quintal certa escolha apurada de cheiros e sabores além da beleza estética das arvores. Não se pode negar o porte de beleza de uma palmeira imperial, o cheiro dos sapotizeiros e tamareiros aliados a excentricidade e a beleza invulgar das tamareiras com frutos vermelhos ao vento.
Ver como os troncos escuros dos tamareiros e dos sapotizeiros emergem harmoniosamente folhagens de um verde luminoso e alegre que vistas ao longe parecem saídas de pinceladas impressionistas.
Pesquisa feita pela a professora Sarah Maria Mourão Benicio.
O folclore de Pedro II é riquíssimo, dele fazem parte: as festas juninas, o bumba-meu-boi, a capoeira e outras mais. Suas lendas estão imortalizadas no livro “lendas de Pedro II” de autoria de um escritor local. 
Em Pedro II se destacam algumas lendas, como: A Sucuruju da Barragem, O Montador de Cachorro pro Inferno, Os Chora–chora do Tamboril, A Comedora de Miolo de Criança, O Cavaleiro Solitário e o Cospe–Cospe, dentre estas, ainda temos,
 A Sereia do Pirapora, A Mulher de Branco e a Cama de Baleia, as lendas mais contadas pelo povo.
A TRADIÇÃO DO ENGENHO
No município de Milton Brandão (antigo município de Pedro II), na localidade Engenho Velho, ainda dispõem de um costume muito antigo, a moenda de cana-de-açúcar, nele se faz a apuração do caldo-de-cana, a produção de rapadura, mel-de-cana para consumo próprio e comercialização. 
O processo todo, desde a moenda da cana até os produtos finais, é feito em engenhos movidos a bois.
 
No engenho de “Seu Raimundo”, nascido em 1934, hoje um senhor de aproximadamente 70 anos, podemos presenciar todo esse processo.
  
De acordo com Seu Raimundo, o trabalho começa muito sedo, às duas horas da manhã. Primeiramente, a cana é cortada um dia antes e passa à noite no engenho, depois os bois são colocados no engenho, a cana é moído e extraído seu caldo, aos poucos o caldo é colocado nos caldeirões de cobre, conforme a capacidade de cada um, em cima de uma espécie de forno com quatro bocas uma para cada caldeirão. O caldo é fervido em alta temperatura e retirado uma espécie de “borra” que sobe na fervura do caldo, depois de aproximadamente uma hora e meia, logo depois que esta borra é retirada, o caldo continua fervendo, sempre com altíssima temperatura, ganhando assim uma aparência de mel, o mel-de-cana, conhecido por aqueles que apreciam tanto. Após a aparência de mel ele ainda tem que ser apurado até o ponto certo de fazer a rapadura, segundo o tacheiro (homem que fica mexendo os caldeirões), ponto este em que o mel se torna ainda mais grosso, logo em seguida é despejado em uma “gamela”, feita a partir de um tronco de árvore especialmente para este processo. Com uma colher, feita do mesmo material da gamela, o mel é mexido até o ponto de rapadura, logo em seguida sendo colocado em fôrmas, também feito de madeira, depois é só esperar esfriar e retirar a rapadura já pronta para consumo próprio e comercialização no mercado de Pedro II. 
No engenho, trabalham em média oito pessoas, duas para cortar a cana, duas para carregá-las, uma para colocar na moenda, uma tangendo os bois e dois nos caldeirões apurando o caldo.
 
A rotina “da labuta” (do dia-a-dia) no engenho de Seu Raimundo, começa às duas da manhã e vai até as cinco horas da tarde, com uma pausa só para o almoço. O dinheiro ganho na venda das rapaduras é dividido em pares iguais, tanto para o dono do engenho como para o plantador e cultivador das canas.
 
Seu Raimundo vive da produção de seu trabalho, e tem a missão de sustentar sua família, três pessoas (esposa, filha e neta), com o pouco que ganha. Seu Raimundo já tem 70 anos e trabalha desde os 12 anos no engenho de seus pais, adquirindo esse costume praticado até os dias de hoje. Ele começou tangendo o boi foi para a fornalha e só depois de certo tempo, quando seu pai já estava muito velho, passou para o processo de meter cana no engenho e até hoje permanece fazendo tal trabalho neste engenho, herança deixada por seus pais, tentando tirar o sustendo de sua família. Seu Raimundo ainda diz que, enquanto for vivo, nunca irá deixar seu engenho parar, mesmo não recebendo ajuda de ninguém, somente de sua família.
 
Diante de muitas dificuldades de sua infância, seu Raimundo, vindo de uma família de 12 irmãos, hoje é proprietário de aproximadamente 11 hectares de terra, herdado de seus pais, sendo que dois e meio foi destinado ao cultivo da cana, não podendo destinar uma área maior por motivos financeiros. Mas mesmo assim, está conseguindo manter a tradição deixada por seus pais, já que foi o único a continuar tal trabalho. Relatando ainda que não vendesse e nem trocaria seu engenho movido a bois por um elétrico ou movido a motor (óleo diesel).
 
Em seu engenho a produção de rapadura chega à média de 320 por dia, pesando em torno de 300 g cada uma.
 
     
No mercado, a rapadura é vendida no atacado, por carga, sendo que cada carga contém 100 rapaduras. A carga custa exatamente 20 reais saindo a 20 centavos a unidade. De acordo com a tradição, o trabalho em seu engenho começa sempre no primeiro dia da segunda semana do mês de agosto e vai até o término das canas. Antigamente nos tempos de seu pai a moagem durava até seis meses, atualmente a moagem dura aproximadamente oito dias, moendo assim, os dois hectares e meio de cana existente em suas terras.
Depoimento: Raimundo Araújo Frota, conhecido por seus amigos como Nonato Frota. 
Filiação: João de Sousa Frota e Ricardina de Araújo Frota
 
Matéria e fotos colhidas por
 Jociel de Sousa Santos e Ulysses Leôncio de Sousa 
Pedro II, sábado, 14 de agosto de 2004.
A CULTURA DO ALGODÃO EM PEDRO II

 Convidou-se o bom amigo Valdemar Martins para estar, na próxima sexta-feira, em Pedro II, participando do encontro, por ele promovido, de homens públicos e de homem de negócio, no sentido de ser estudada, “in colo”, a possibilidade de um programa de plantio e cultivo do algodão nas terras serrenas daquela cidade. 
Infelizmente, presos a outros compromissos inadiáveis, não estarei presente ali, para prestar também o meu decidido apoio à sua campanha meritória que antes de ser um serviço prestado ao município, é um serviço prestado à economia do Piauí.
 
Conheço muita aquela cidade. Ali estou, vez por outra, e sei que somente lhe está faltando um pouco da iniciativa privada para transformar a sua fisionomia econômica e social.
 
Dotada a um clima privilegiado, de terras ricas em produtividade, prestando-se de maneira notável às culturas indicadas às áreas temperadas, creio que Valdemar tem razão quando sugere o plantio do “ouro branco”, que tem feito a riqueza de muita terra, por este Brasil afora, em condições não superiores às do clima pedrossegundense.
 
No estado da Paraíba, verifica-se idêntico êxito (ali já tese comprovada), na região circunvizinha de Campina Grande, onde o algodão, ao lado do sisal, se constituiu nas mais importantes fontes de riquezas da Paraíba.
 
No Piauí podemos também constituir outros meios de enriquecimento, estimulando novos tipos de culturas, hoje limitado ao aproveitamento da carnaúba e do babaçu, plantas nativas, e aos cereais que não dão divisas.
 
Desta forma, mister é que se faça o que Valdemar pensou e está executando: levar para Pedro II autoridades e particulares capazes de promover naquela terra uma revolução na sua agricultura.
 
E se tudo der certo, veremos a mais um pouco, surgir numa das mais agradáveis regiões do Estado, um centro respeitável de produção e uma cidade transformada, em todos os seus aspectos, em fontes viva de riqueza, de progresso e de desenvolvimento.
 
Nota do autor: Waldemar Ferreira Martins nasceu em Pedro II, no dia 31-05-1906, filho de Antonio Ferreira Martins e Perpetua de Sousa Martins.
 
Transferiu-se, em 1930, para Teresina, ingressando na política militar do estado, onde alcançou o oficialato. Abandonando a carreira militar passou a servir à Administração como Coletor Estadual, sendo exercido em diversas cidades do interior.
Deixando a vida publica, passou a desenvolver atividades empresariais, fundando e dirigindo a Camisaria São Geraldo, depois denominada S. G. Magazine, a Gravataria São Geraldo e a Camisaria São Miguel.
 
Foi um dos batalhadores pela a fundação do Jóquei Clube de Teresina e o Clube das Classes Produtoras. Também exerceu na Associação Comercial Piauiense, durante vários anos, as mais diversas funções.
 
Era casado com dona Hosana Cardoso  Martins, com quem teve os seguintes filhos: Teresa de Jesus Martins Soares, casada com o empresário João Martins Soares; médico Francisco de Assis Cardoso Martins, casado com dona Cirene Nogueira Martins; arquiteta Ebbe Martins Ferreira, casada com o Sr. Francisco Ferreira dos Santos; Valdora Cardoso Martins, Mary Cardoso Martins e Ida Maria Cardoso Martins, solteiras, advogadas Vilna Martins Viana, casada com Renan Viana e Waldemar Martins Filho, casado com Dona Simone de Paula Martins.
 
Ele deixou, ainda os seguintes filhos: Irenise, casada com o Sr. Carlos Augusto Gualberto Lopes; João Carvalho, casado com dona Isabel Eunice Freitas Carvalho, Wilmar Carvalho, casado com dona Lucia Ferraz Carvalho, Rosangela Carvalho Costa, casada com o Sr. Miguel de Menezes Costa e Íris, Isabel Maria e Sheila, solteiras.
 
Waldemar Martins faleceu esta capital, no dia 2 de junho de 1972, na Casa Mater, depois de longo padecimento.
 
 (Folha da Manhã – Teresina – Coluna: Em Síntese – 13-01-1963)
 A FESTA DO ALGODÃO
 Tudo começou quando a Industrial Valdemar Martins entendeu de despertar os seus conterrâneos de Pedro II, pra uma nova maneira de fazer dinheiro: plantando algodão. 
Procurou o Dr. Paulo Carneiro da Cunha, Presidente das Associações Rurais do Piauí e dele obteve o decisivo apoio que, somado ao de outras autoridades, resultou na realização de uma união, a alguns meses atrás, de numerosas figuras da vida social e política do estado com agricultores daquela cidade serrana, destacadas as presenças do Dr. Albelar Pinheiro Telles, então chefe do Fomento Agrícola e Deputado Tertuliano Sólon Brandão, então Prefeito de Pedro II.
 
Sementes de algodão, selecionadas, foram distribuídas aos lavradores e vendidos a baixo preço, numerosos implementos agrícolas.
 
Passam-se os meses. A FAREPI, sempre presente a estes acontecimentos de natureza ruralista de nosso Estado, empresta todo o seu concurso, no sentido de que essa notável campanha de produção de “ouro branco” em Pedro II, onde os entendidos acham que o solo e o clima são bem propicio, logre os mais positivos resultados.
 
Chega o dia de prometida “Festa do Algodão”. Movimenta-se a sociedade pedrossegundense, agitam-se os responsáveis pelo o encontro festivo, surgem às candidatas ao titulo de “Miss Algodão 1963”. E de todas as partes, as adesões são notadas: Associação Rural de Pedro II, Prefeitura Municipal de Pedro II, Clube 11 de Agosto, além de numerosas outras autoridades e homens públicos de Pedro II, sem falar nas encantadoras jovens que irão concorrer àquele interessante titulo de beleza.
 
       E tudo foi bem. Começa uma nova era de progresso na vida da centenária cidade de Pedro II. A sua economia desperta para um novo sentido. Entra na pauta dos seus produtos o “ouro branco” que já fez a riqueza de muitas regiões brasileiras e que haverá também de proporcionar àquela cidade, os benfazejos resultados do seu plantio.
 
O que afinal de contas, pode e deve ser imitido por outros municípios do nosso Estado.







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